sábado, 20 de outubro de 2007

Alberto Caeiro.

O Meu Olhar

O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de, vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...

Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender ...

O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,

Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar ...
Amar é a eterna inocência,

E a única inocência não pensar...


Alberto Caeiro
(Um dos heterônimos de Fernando Pessoa)


Mais poesias dele:
http://www.revista.agulha.nom.br/caeiro.html



Ps: Hoje é aniversário da Flávia, parabéns, \o/
Ps 2: Eu não consigo deixar as letras da poesia iguais e bonitinhas T.T

3 comentários:

Faber disse...

Se eu fosse o Fernando Pessoa e tivesse a capacidade de escrever fingindo ser outra pessoa, e se acontecesse de essa outra pessoa ser o Alberto Caeiro, eu entraria em crise por admirar demais esta outra pessoa e finalmente desejaria deixar de ser Pessoa para sê-la.

eita, acho que vou até escrever isso lá no meu blog. meu próximo post foi publicado aqui, sem querer, em primeira mão!

Rafaela Marinho disse...

Ah! Percebi essa ligação agora entre o seu blog e o blog do Faber! Hahaha! Te linkei no meu blog tá?
Beijão

Anônimo disse...

HAUHAUHAHUAUHAUHAHUAHUAUHA!

Obrigada xDDD